Pouco tempo atrás, debatemos em um grupo de whatsapp sobre se o Clê era o Rick Beato brasileiro*. Tinha visto alguns vídeos dele mas justo ontem parei para ouvir seu podcast, começando de cara com este maravilhoso episódio com Charles Gavin. Charles, com quem tive a sorte de travar uma longa conversa no Rio nos idos de 2015**, cita algumas personalidades muito cultas e bem informadas do Rock BR - obviamente ele é uma delas e conta um causo melhor que o outro - como Paulo Ricardo, Dado Villa Lobos e Dinho Ouro Preto.
Me pus a pensar no comeback do Capital Inicial nos anos zero, o mais impressionante das bandas veteranas dos anos 80 e talvez o único caso de artista que vendeu muito mais discos e shows em seu retorno do que em sua aparição inicial. Ainda que o Acústico MTV os tenha ajudado, diferentemente dos Titãs, foi um disco de inéditas “Todos os Olhos” que trouxe de volta o interesse pela banda.
Descubro há pouco que o autor do hit deste disco, O Mundo, foi Pit Passarell, que acaba de nos deixar, ou como diz o notório Angelo Moore, moved on***.
Pit foi baixista do Viper, banda que representava internacionalmente o metal brasileiro nos anos 90 junto ao Sepultura e que habitava os programas de rock da MTV. Felipe Machado, guitarrista do Viper, conta muito dos lendários primeiros anos do grupo no podcast ABFP:
Quando bebo, costumo não perder a chance de encher o saco de celebridades. Foi assim semana passada no Massarifest**** e não deixaria de ter sido assim nos idos de 97 com Pit Passarell. Ricardo Marin e eu estávamos em périplo pela Vila Madalena***** e em um bar aleatório cruzamos com o Pit. Como se diz por aí, ele era de fato muito gente fina e travamos uma breve conversa sobre o que ele estava escutando de novo no momento******. Tentava puxar pela memória aquela banda eletrônica emergente, ao que eu respondi acertadamente: Prodigy!
O Viper também ensaiava um comeback e tinha show marcado para este sábado em Curitiba. Godspeed you, Pit. Não esqueceremos o dia em que você introduziu o rock pesado no Programa da Hebe.
*Meu amigo Renato Borgonovi foi quem levantou a questão. Cada um na sua praia, são ambos ótimos fornecedores de (cóf) conteúdo. Rick Beato tem uma trajetória interessantíssima e mergulha na teoria musical e de composição dos entrevistados. Já o Clemente Magalhães tem também muita bagagem técnica, mas traz mais ênfase em produção e bastidores de gravadoras.
**Não por acaso boa parte da conversa foi em parte sobre energia solar, mas depois entrou na música. Marcelo Bonfá estava em um sofá logo atrás mas preferiu ficar tomando uma cachacinha sem interagir.
***Angelo Moore, frontman do Fishbone, procurem saber.
****Novamente meu amigo Renato Borgonovi me aguentou molestando figurinhas carimbadas do under e do upperground e salvou a pátria quando meu celular foi furtado, capítulo que não vale a pena desenvolver.
*****Esses eram anos selvagens quando se tinha que memorizar muito bem onde estacionar o carro, já que não havia celular ou google maps para nos salvar.
******Se não me falha a memória, ele trajava aquele chapeuzinho do exército americano na Guerra da Secessão.